O MODELO DE LULA E O ALMOÇO DE MITIDIERI

Na foto em Aracaju o modelo que Lula desejava para a campanha e Rogério não permitiu.

Antes de tornar-se candidato Lula já tinha na cabeça a imagem do seu palanque. Teria de ser um espaço aberto para convergências, amplo o suficiente para acolher todas as correntes político–ideológicas, identificadas com o propósito comum de defesa da democracia.

A ala mais extremada do grupo que ocupava o poder identificava-se com a ressurreição do nazifascismo, um fenômeno que percorre o mundo, corroendo democracias sólidas, e tendo seu epicentro no supremacismo branco dos Estados Unidos, e encontrando no autocrata russo, Vladimir Putin, seu exemplar mais perfeito de aliado, ou seja, o que invade, mata, desrespeita a autonomia de países vulneráveis, exerce poder quase absoluto, e dá mão forte a todos os seus assemelhados.

A extrema direita atual é algo muito mais perigoso para a civilização do que foram o fascismo, o nazismo e o comunismo, porque o seu projeto totalitário recolhe de todas essas ideologias do passado a essência populista que as transformou em fenômenos de massas, subjugado mentes e corações, de tal forma que os alemães cultos, instalaram milhares de campos onde exterminaram os “inimigos do estado”. Foram milhões de mortos, e o povo judeu tornou-se o mais sacrificado.

Os italianos, que tanto apreciam a boa musica, a ópera, as artes em geral, que estiveram na vanguarda das luzes do Renascimento, marcharam, como autômatos, movidos pela oratória belicosa de Mussolini e em nome da “Glória das Águias de Roma”, foram exterminar os negros abissínios.

Hoje, a pregação nazifascista se amplia sem limites no terreno da licenciosidade absoluta da internet, onde o jornalismo se prostitui, mas atrai adeptos equivocados, aos milhões.

A tragédia da Segunda Grande Guerra, aconteceu quando se aliaram os “mitos”, Hitler, Stalin e Mussolini.

A chegada dessa extrema-direita nazifascista ao Brasil, embora não tenha conseguido subjugar as instituições, deixou, espalhado pelo país o germe contagioso da intolerância e do fanatismo, que nos fez perder o que sempre tivemos de melhor entre as nossas qualidades como povo tropical: a alegria de viver, a solidariedade, a sensualidade, a paz como objetivo de vida.

Por quatro anos ouvimos o relinchar dos cavalos onde montava belicoso o presidente, assistimos as passeatas ameaçadoras, de gente esvurmando odiosidade e malquerenças; as motociatas, onde o seu inspirador antegozava algo assim parecido com o poder autocrático absoluto.

Por fim, comprovando a sua identidade fascista, onde tudo vale em nome da causa pela qual se empenham, entendendo que pelo voto haviam perdido, recorreram, desembestados, ao império da força. E assistimos estupefatos, tristes, envergonhados, a baderna, o quebra-quebra selvagem insano e estupido do 8 de janeiro.

Mais uma vez revelava-se o alinhamento dessas forças obscurantistas e totalitárias, na coincidência dos janeiros em Washington e em Brasília.

A eleição do ano passado foi o momento crucial, onde, na encruzilhada entre barbárie e civilização o povo brasileiro faria a escolha.

Lula, como dissemos antes, entendeu que muito mais do que uma escolha de candidatos, ter-se-ia um momento de alto risco para a permanência dos nossos valores democráticos, e era preciso formar, de fato, uma Frente Ampla, até “despetizando-se” a campanha, e prevalecendo o discurso de união, civilidade, tolerância, enfim, que sobrevivesse o Brasil, tal como a sensatez a inteligência e a tolerância, o moldaram ao longo da história.

A própria chapa abrigando Geraldo Alckmin era o melhor dos sinais.

Em Aracaju, num almoço oferecido ao Presidente pelo governador Fábio Mitidieri, Lula, entre os convidados, enxergaria o próprio modelo de somação imaginado para todo o país, e aqui não pode ser concretizado. Lula transformou a frustração da campanha passada no presente de uma foto, ocorrida por iniciativa do governador Mitidieri.

Em Sergipe, o senador petista não entendeu, ou não quis entender o momento de grave insegurança institucional que o país atravessava, e era preciso renunciar às vaidades pessoais, em função de um objetivo bem maior do que qualquer ambição.

Assim, não se manteve a aliança democrática de centro, direita e esquerda, que era esperada acontecer em Sergipe, isolando-se a extrema direita no espaço que ocupou no estado, em  consequência do processo de radicalização surgido na primeira campanha de Bolsonaro, e atingindo níveis jamais imaginados.

Na foto em Aracaju, estavam, entre outros, o presidente, o governador, os senadores Alessandro Vieira e Laércio Oliveira, o prefeito de Aracaju, o ex-governador o ministro sergipano Márcio Macedo, o ex-governador Jackson Barreto, a quem Lula dedica especial atenção, porque Jackson esteve sempre ao seu lado nos bons e maus momentos.  Sendo do MDB, foi um dos primeiros a chamar de golpista o seu correligionário e líder Michel Temer.

O senador Rogério esteve no almoço mas não apareceu na foto. Depois, teria reclamado da preferencia revelada pelo presidente Lula em atender ao convite do governador Mitidieri, que, aliás, votou nele.

Não fossem essas miudezas, essas mesquinharias e esses  personalismos do senador Rogério, aflorando até nos mais graves instantes, Eliane Aquino estaria eleita senadora, nem teria havido o segundo turno,  Laércio permaneceria deputado federal, e seria possível até que Valmir de Francisquinho não fosse candidato, houvesse se conformado com a inelegibilidade, desde que a ele fosse reconhecido o imenso potencial de votos que possui. E o PT não precisaria passar pelo constrangimento de romper com o governador Belivaldo Chagas, embora o deputado João Daniel tenha engolido a contragosto a dose imposta ao partido pelo “trator” Rogério.

Lula quer fotos cada vez mais ampliadas, onde fiquem evidentes os sinais de entendimento e união. Se há discrepâncias em Sergipe a culpa não será dele, nem do governador Mitidieri, que deseja juntar-se cada vez mais a

Lula, e ter no Ministro Márcio Macedo um forte intermediário em Brasília.

 

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