Com pré-campanha gasosa, sem empolgar eleitores, acossado pelo TCU, ex-juiz Moro divide e desanima Podemos

Ao menos 7 dos 11 deputados da sigla de Moro têm dúvidas na viabilidade política do ex-juiz considerado parcial e suspeito pelo STF
Por Luís Costa Pinto, do 247 – Nunca foi sólida, sempre teve o jeitão de aventura encarada com desfaçatez antes suas contradições institucionais e morais e desmancha no ar a olhos vistos: é esse o estado da arte da pré-candidatura do ex-juiz Sérgio Moro à presidência da República. Ao menos 7 dos 11 deputados federais do Podemos, legenda à qual ele se filiou com fanfarra e histrionismo midiático em novembro passado, flertam com filiações a outras siglas na janela de troca-troca partidário que será fechada em 31 de março.
César Silvestri Filho, presidente do Podemos no Paraná até a última semana, desligou-se da legenda e assinou a ficha do PSDB, por onde pretende disputar o governo paranaense apoiando João Doria. O Paraná é o estado de Moro e do senador Álvaro Dias, liderança de maior envergadura do partido no plano nacional depois do próprio ex-juiz considerado parcial e suspeito pelo STF, investigado pelo Tribunal de Contas da União e ameaçado por uma CPI na Câmara. Caso saia, a CPI investigará a origem dos ganhos do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro com a consultoria Alvarez & Marsal.
Um dos senadores da bancada de nove integrantes do Podemos resistiu até a última hora a assinar a nota de repúdio aos deputados que desejam investigar os ganhos privados de Moro. José Antônio Reguffe, que pretende concorrer ao governo do Distrito Federal e tem uma trajetória política centrada numa retórica implacável de combate à corrupção e a privilégios em diversos setores, endossou o texto apresentado por Álvaro Dias. Contudo, deixou claro para os interlocutores partidários que condenava as reiteradas desculpas dadas por Moro para não prestar contas publicamente dos ganhos suspeitos.
General da reserva, Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro de Bolsonaro, como Sérgio Moro, filiou-se ao Podemos no embalo do ex-juiz paranaense e colocou o nome à disposição do projeto político dele. A ideia era, juntos, explicarem à parte da mídia que sempre lhes foi dócil o que desejavam. Moro, entretanto, fez escassos gestos na direção de Santos Cruz, ignorando-o.
O “vier para cá”, abortado tão logo a conversa e seu propósito vazaram, porque dois caciques do Democratas, ACM Neto e o governador de Goiás Ronaldo Caiado reagiram contrariamente à especulação, significava convencer o ex-juiz parcial a trocar Podemos por União Brasil e fazer de Abreu a candidata a vice-presidente. Como o roque não era solução e traria novos problemas para eles – antes mesmo do problema fatal de ausência de empatia pública e de votos – todo o teatro foi abandonado e estão a escrever novo roteiro para o drama de Sérgio Moro. No momento, só resta fumaça do que Moro imaginou ser, do que a mídia tradicional apostou que ele seria, bêbada pelo lavajatismo. E, sequer, essa fumaça pode ser considerada “fummus boni iuris”. Ou seja, nem a “fumaça do bom direito” está ao lado do ex-juiz e ex-ministro da Justiça.

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