Neonazismo explodiu no Brasil com Bolsonaro
Brasil encontrou em Jair Bolsonaro um sintetizador do ódio, divulgador em larga escala do sentimento que esteve presente no âmago de uma parte da população
O massacre realizado em Blumenau nessa quarta-feira (5), onde um homem de 25 anos invadiu uma creche e assassinou quatro crianças entre quatro e sete anos, e deixou outras quatro feridas, é um reflexo da estimulação do ódio promovida durante os últimos quatro anos, sob o governo de Jair Bolsonaro.
O Brasil é hoje o país no mundo onde mais cresce o número de grupos identificados com ideologias de extrema direita como fascismo e nazismo. O número de células neonazistas se multiplicou no país: passou de 72 em 2015 para 1.117 em 2022. A maioria está concentrada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, segundo monitoramento feito pela antropóloga Adriana Dias, doutora pela Unicamp e uma das maiores pesquisadoras sobre o tema no Brasil.
Na primeira metade do século XX, o Brasil foi sede da maior filial do partido nazista fora da Alemanha, com 3.000 membros. Isso explica em parte o aumento das manifestações de ódio no Brasil, um país miscigenado por excelência onde pequenos grupos que espalham tentam emular uma superioridade racial e muitas de gênero. O nazismo é punido no país com base na Lei de Crimes Raciais, e a pena pode chegar a cinco anos de prisão.
*Aquiles Lins
Aquiles Lins é editor-executivo do Brasil 247 e apresentador do programa O Dia em 20 Minutos, da TV 247. É jornalista e mestre em Ciência Política.